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# Alfredo da Silva, sócio nº 1951 da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL)

# Madalena Romão Mira

O espectro da participação de Alfredo da Silva na Sociedade de Geografia de Lisboa incluiu as Comissões de Emigração, Química, Indústria, Comércio, Economia Política ou assuntos Luso-Brasileiros.

Quase século e meio depois da sua criação, em 1875, a SGL fomenta vínculos com a CPLP, nos planos culturais e científicos, através de eventos, formação e publicações, promovendo a conservação do património cultural, histórico e literário. Porém, no contexto da época, coincidiu com a corrida a África das potências industriais da Europa Não nos deteremos no óbvio e precoce interesse da CUF por África, mas se, por um lado, se diz que a SGL estava presente em todos os temas ultramarinos, por outro, a intrepidez de Alfredo da Silva conduzia-o a contextos que lhe podiam ser benéficos. Identificando-se como estudante, a sua admissão como sócio da SGL data de 9 de novembro de 1891, sob proposta de três signatários: António Teles Machado Júnior, futuro marido de sua irmã Maria Luísa da Silva, à data verificador de alfândega, e de cujo matrimónio foi padrinho. Luciano Cordeiro, um dos históricos fundadores da SGL, político com obra escrita, africanista e colonialista, cujos discursos de defesa dos interesses em África ficaram célebres, quer no Congresso de Geografia Colonial (1878), quer na Conferência de Berlim (1884). Ernesto de Vasconcelos, que faz carreira na Marinha, conhecedor da geografia africana, tal como Luciano Cordeiro (que chegou a representar o governo na administração da Companhia dos Caminhos de Ferro da Zambézia), tendo sido ambos os primeiros secretários gerais da SGL. Nas listas de sócios dos anos 1895 e 1897 Alfredo da Silva já se apresenta como negociante, e a partir de 1899, como industrial. A ficha de sócio esclarece o seu percurso na SGL, cujas nomeações vão muito além das conhecidas: Vogal suplente na Comissão de Contas (1897); vogal da Comissão de Emigração; vogal da Secção de Química; secretário da Secção de Indústria (1898-1912); vogal da Secção de Comércio; vice-presidente da Secção de Indústria (1912-1920); vogal da Secção de Indústria (desde 1921); vogal da Secção Luso-Brasileira; vogal da Secção de Economia Política. Se os interesses comuns e a valia das relações estabelecidas contribuíam para uma política cufista onde África era um elo de força, o espírito empreendedor de Alfredo da Silva decerto também alimentou as dinâmicas da SGL com o ânimo de um explorador.

Excerto do Livro de Registo de Sócios, com o percurso de Alfredo da Silva na SGL.

Excerto do livro de atas das reuniões da SGL, de 9 de novembro de 1891, p. 56, com menção a Alfredo da Silva.